Dificuldades de sustentabilidade e relacionamento político das rádios comunitárias marcaram as discussões do Encontro Regional no Cariri da Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária no Ceará (Abraço Ceará). O evento reuniu seis emissoras da região, no sábado, 4 de junho, na cidade de Caririaçu.
A diretora da Rádio São Pedro, anfitriã do evento, e coordenadora de gênero da Abraço Ceará, Miguelina Morais, alertou para a necessidade da participação social nas emissoras comunitárias independente da posição política. Já Samuel Serra da Rádio Som da Terra de Milagres apontou dificuldades de relacionamento político com o poder local.
A Rádio Novo Tempo de Várzea Alegre, segundo Almir Fernandes, mantem uma independência política, mesmo tendo apoio da Prefeitura do município. Para evitar a contaminação da influência de lideranças políticas, Ranilson Silva explica que a Rádio Triunfo de Nova Olinda decidiu, mesmo com autorização do Ministério das Comunicações, paralisar sua programação.
Por sua vez, a Rádio São Francisco de Crato vive, de acordo com Henrique dos Santos, dificuldades financeiras por falta de apoio, tendo seus equipamentos, desde 1995, duas vezes apreendidos e uma vez roubados. Geânio Felipe da Rádio de Santana do Cariri concorda que a falta de sustentabilidade é um dos principais desafios. Para ele, a falta de capacitação para os radialistas comunitários é outro problema.
Tanto a emissora de Crato como de Santana do Cariri investem numa programação educativa. “Veiculamos em toda programação programas de interesse público, como o Plantão Saúde e o Prosa Rural”, afirma Geânio.
Os coordenadores da Abraço Ceará, Ismar Capistrano (executivo), Sérgio Lira (de organização e mobilização), Kim Lopes (de relações institucionais e internacionais) e Valdeci Martins (de comunicação e marketing) esclareceram dúvidas e debateram a situação das rádios comunitárias. Ismar Capistrano insistiu na necessidade de uma programação plural e educativa para legitimar o financiamento público das rádios comunitárias. Kim Lopes alertou para a necessidade de resgatar o conceito original de rádio comunitária como um espaço de participação social através de seus conselhos comunitárias. Valdeci Martins defendeu a importância da organização das emissoras na Abraço. Sérgio Lira explicou a problemática com os direitos autorais.
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