São muitos os estudos sobre a recepção da comunicação. Diversas teorias e modelos circundam o campo das pesquisas acadêmicas em busca da melhor forma de compreender como, de fato, se dá a recepção das informações veiculadas na mídia, levando em consideração que os perfis dos receptores são múltiplos e possuem diversos repertórios de influência.
Ismar Capistrano, em sua dissertação intitulada Mediações Sonoras da Rádio Favela pela Internet, destaca algumas teorias relativas aos estudos da recepção que, apesar de serem consideradas ultrapassadas, ainda são encontradas freqüentemente no universo atual da comunicação.
A Teoria Hipodérmica, por exemplo, que considera o receptor um ser passivo que apenas reage de forma imediata às informações de acordo com o esquema estímulo-resposta, enaltece a onipotência das mídias e a vulnerabilidade dos indivíduos da sociedade massiva. Esse tipo de concepção dá uma falsa ideia a determinados meios de comunicação de achar que o receptor deve ser considerado apenas “um alvo a ser atingido, modificado e controlado pela mídia.”
A Teoria Funcionalista segue mais ou menos o conceito da Teoria Hipodérmica, pois compreende que a mídia é um sistema que manipula o receptor a partir das características de controle do status quo, do prestígio das pessoas e de “controle e fiscalização” das normas, leis e regras sociais. Sendo assim, o receptor continua sendo visto como ser passivo e contenta-se apenas com as informações que absorve da mídia, “sem se dar conta de que se abstém de decidir e agir”. É o que acontece, muitas vezes, com as petições online, onde as pessoas simplesmente absorvem a informação de que deve ser feito alguma coisa, acrescentam seu nome a uma lista para concordar com o assunto, mas esquece que esse mínimo esforço não é o suficiente.
Já as teorias da Matemática da Informação e dos Efeitos Limitados dizem respeito a um processo de comunicação que engloba, no primeiro caso, fonte, transmissor, canal, receptor e destinatário e, no segundo caso, emissor, líderes de opinião e receptor final. Essas teorias consideram a comunicação como algo unidirecional, que define papéis e que congela e simplifica o processo de comunicação, o que é extremamente equivocado se pensarmos numa comunicação baseada no uso das mídias sociais, por exemplo, tais como Facebook, Twitter, Instagram, etc.
Como forma de uso mais prático das teorias relativas à recepção, surge a Teoria Empírico-Experimental, que busca testar os efeitos da comunicação sobre o receptor/consumidor “demonstrando os limites da eficácia da persuasão segundo fatores relativos à audiência e à mensagem”. Esta teoria, que é a mais utilizada pelos meios de comunicação e se baseia na ideia de que o receptor/consumidor determina as leis de mercado, aponta algumas variáveis relativas à audiência e à mensagem que possibilitam a criação e, conseqüentemente, a manipulação de uma audiência. Essa teoria pode ser exemplificada pela construção da audiência de programas de auditório como Domingão do Faustão (Globo) e Domingo Legal (SBT).
Portanto, como vimos, muitos conceitos e teorias que são consideradas ultrapassadas por estudarem o receptor como um ser passivo que existe somente para gerar lucro para a grande mídia ainda são bastante utilizadas no nosso contexto social atual. Isso é um problema porque, segundo Martin-Barbero, citado por Ismar Capistrano em sua dissertação, a comunicação tem “caráter de processo produtor de significações e não de mera circulação de informações, no qual o receptor, portanto, não é um simples decodificador daquilo que o emissor depositou na mensagem, mas também o produtor”.
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