segunda-feira, 22 de abril de 2013


Mediações Comunicativas - o contexto das instituições e da recepção

Por Soriel Leiros
leirosoriel@gmail.com

            O pensamento latino-americano entende a comunicação como um processo em que são estabelecidas as relações entre emissor e receptor, as diferentes tecnologias e mensagens e a participação de outros sujeitos. Todo esse conjunto tem como base as mediações. Assim, além do jogo de ethos (palavra de origem grega que representa um resumo dos costumes, das tradições, dos valores de um povo), é preciso destacar a influência das instituições sociais nas mediações bem como o processo de recepção.

          As instituições, que podem ser encontradas na forma de empresas (aspecto comercial), órgãos públicos (no caso das estatais) e na forma de movimentos sociais (representados pelos diversos meios de comunicação, como emissoras de rádio e de TV e jornais comunitários) exercem um papel de emissores, ou seja, produtores de conteúdo, influenciando os próprios emissores e quem recebe o conteúdo dessas produções.


             As mídias não podem ser entendidas como instituições infalíveis, uma vez que é possível enxergar brechas e fissuras, resultados de interesses diversos e conflitos internos, muitas vezes de ordem econômica. Apesar disso, como indica Ismar Capistrano, “essas constatações não podem levar à hipertrofia da mídia e da produção”. Ainda, segundo Ismar, “as mídias criam representações que são resignificadas pelos receptores e depois apropriadas pelos meios criando um intercâmbio infindável de sentidos”, na minha opinião, uma das características fundamentais da relação dos meios de comunicação com os receptores.

 No caso da recepção no contexto das mediações, o filósofo espanhol Martín Barbero argumenta que “a recepção não pode ser estudada somente nos locais onde o sujeito recebe as mensagens, mas em todos os espaços onde o receptor transita, pois o processo comunicativo continua com os usos, reações e as reapropriações das mensagens em diversos momentos do cotidiano do receptor”.

O filósofo espanhol Martín Barbero defende que a recepção deve ser 
estudada também onde os receptores transitam

Esses três pontos podem ser explicados da seguinte forma: os usos constituem-se como elementos que se aproximam da mídia e de suas características, mas é preciso destacar que tanto a mídia bem como o receptor possuem suas especificidades; as reações, por sua vez, são construídas com bases nas escolhas, nos gostos do cotidiano, estabelecendo uma relação dicotômica, isto é, distanciando-se da ideia de uma preferência e, ao mesmo tempo, funciona com um agente de colaboração para “afirmar determinada situação”; e as reapropriações, como o próprio termo indica, trazem à tona uma nova roupagem, um novo sentido para as coisas, levando em consideração o contexto cultural.

Agora, o receptor é visto não mais como um mero receptor, mas um agente dentro do processo da comunicação, pois ele questiona, decide e escolhe.

Exemplo de mudança na relação emissor X receptor - o caso do Jornal Interativo da All TV

Além dos elementos citados anteriormente, o processo de recepção também é influenciado pelos ritos, ou seja, “momentos de confrontação entre significação e sentido, entre imaginário e realidade”.

Portanto, por meio desses elementos, fica clara a ideia, conforme o pensamento latino-americano que a comunicação é um processo complexo, que envolve mediações, mas também todo um contexto social (as diferentes comunidades e seus anseios), econômico (os interesses das empresas e dos grupos empresariais no contexto e também da própria sociedade), político (responsável por influenciar diretamente a Comunicação a partir de seus interesses específicos), de gostos, de confronto e de sentidos.

Análise feita com base nos textos discutidos em sala, com suporte de outros meios.


Referências
Tópicos > Instituições nas mediações / Recepção nas mediações
COSTA FILHO, Ismar Capistrano. As mediações sonoras da Rádio Favela pela Internet. Recife: UFPE, 2008. (Dissertação de mestrado) - Texto produzido com o suporte de vários autores, dentre eles, o filósofo espanhol Martín Barbero.

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