O cotidiano é como um dia afirmou o antropólogo e semiólogo Martin-Barbero, um espaço cultural, onde existe a possibilidade para uma criação muda e coletiva, com ênfase para as diferenças de cada grupo social. O historiador francês Michel de Certeau, por sua vez, acredita que a cultura popular tem um espaço privilegiado no cotidiano das pessoas. E é nesse cotidiano que as pessoas se apresentam realmente como são, com as suas ânsias e frustrações, sem fingimentos pontuais, traduzindo a forma de viver do sujeito.
Prova disso são as pessoas que conseguem, por meio da criatividade, driblar as dificuldades da vida, dando um “jeitinho” para resolver os seus problemas. Eis a diferença da cultura industrial, que não se utiliza de bricolagens, gambiarras, astúcias, invenções, readaptações, táticas e redesenhos para conviver e até se safar de situações precárias. As pessoas que trabalham com reciclagem sabem bem o que é isso, pois o seu processo criativo está sempre em execução, modificando o que já se tem e transformando-o em outro objeto, com outra utilidade.
Prova disso são as pessoas que conseguem, por meio da criatividade, driblar as dificuldades da vida, dando um “jeitinho” para resolver os seus problemas. Eis a diferença da cultura industrial, que não se utiliza de bricolagens, gambiarras, astúcias, invenções, readaptações, táticas e redesenhos para conviver e até se safar de situações precárias. As pessoas que trabalham com reciclagem sabem bem o que é isso, pois o seu processo criativo está sempre em execução, modificando o que já se tem e transformando-o em outro objeto, com outra utilidade.
Garrafas pets transformadas em jarros. Criatividade com utilidade |
Vimos em sala de aula um episódio do animado Os Simpsons que mostrava bem isso, apesar de tratar de outro tema. Nele, a personagem Marge modificava duas vezes o mesmo vestido. Cada modelo seria utilizado em um momento especial: o original, modificado para jogar golfe e transformado em um vestido para um baile. Esse processo criativo se deu por uma necessidade, já que ela não tinha condições de comprar outra roupa e queria muito ir aos eventos. Foi com astúcia que Marge enfrentou o seu problema naquele momento.
Na vida real também temos muitos exemplos dessa teoria. Tal como um pai de família sem dinheiro para comprar um presente para o seu filho, prestes aniversariar. A solução encontrada é, fazer um carrinho utilizando latas velhas, que não antes da necessidade não seriam utilizadas para tal fim. Nessa situação, o pai de família, sem condições financeiras, conseguiu por meio da invenção popular produzir um novo objeto, que cumpre o seu papel: alegrar o seu filho e promover uma inclusão social.
Para o professor Ismar Capistrano “o popular é assim espaço das táticas e da diversidade. São os remendos improvisados do dia-a-dia necessários para o agir prático”. Essa teoria, no entanto, não encontra-se apenas nos fazeres práticos da sociedade, mas também na comunicação dos povos. Não raro descobrimos que termos e expressões utilizadas por nós, foram, há algum tempo, readaptadas de culturas diversas. É o que faz a necessidade: promove uma nova roupagem. E nós, brasileiros, somos especialistas em nos adaptar a isso. Ainda bem.
O popular como a invenção do cotidiano é sem dúvida alguma um termo bem brasileiro.Quem nunca ouviu falar no famoso jeitinho brasileiro, ou no jeito brasileiro de ser. Porém, deve-se deixa claro que esses termos, dentro da invenção do popular, não se remetem a atos libidinosos ou corruptos, e sim a garra, a força,a luta do povo brasileiro no enfrentamento diário de suas necessidades.
ResponderExcluirÉ estimulante ver a criatividade das pessoas quando se encontram em uma situação de necessidade.
ResponderExcluirMês passado, fiquei sabendo que um projeto realizado por alunos e professores de uma escola pública do interior do Ceará, que propõe a captação de água a partir da fibra de bananeira, ganhou um prêmio nacional e foi selecionado para exposição numa feira na Tunísia.
Ou seja, a "gambiarra" deu tão certo que até os países do exterior ficaram interessados. :)
O Brasil é o país que mais recicla latinhas de alumínio no mundo. O bacana é que isso pouco se deve ao governo e muito a iniciativa das pessoas com déficit de renda. Poderíamos avançar mais se os governos tivessem políticas públicas que incentivassem a reciclagem. O nosso povo tem um enorme potencial criativo, basta apenas condições favoráveis para o seu desenvolvimento.
ResponderExcluirCotidiano e diferenças, uma relação muito coesa. Sensações, sentimentos, sentidos, realidade. Estas palavras, talvez, traduzam a vida social e, consequentemente, a cultura popular.
ResponderExcluirDentro desse contexto, uma característica é fundamental: a criatividade.
O texto destaca muito bem que o processo ocorre por uma questão de necessidade e também pode promover a inclusão social.
Além disso, aponta o "jeitinho de ser do brasileiro" como um ponto forte da nossa sociedade.
O famoso "jeitinho brasileiro". Repetimos essa expressão, mas pouco refletimos sobre ela. E é o que propõe o texto. Jeitinho, gambiarras, adaptações, seja qual for o nome, ser criativo é questão de sobrevivência. Temos problemas a resolver e temos poucos recursos, mas somos um povo criativo e otimista, ainda bem.
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