terça-feira, 14 de maio de 2013

O enclosure e as fronteiras da internet

Antes de analisar os dois principais modelos de ativismo pela web, é importante enxergar a internet como um veículo comercial, como qualquer outro. Boal conduz essa discussão através do conceito de enclosure, termo designado por ele à internet, em alusão a um movimento que ocorreu na Inglaterra do século XXII. De forma literal, enclosure significa cerco, assim como os cercados dos grandes proprietários de terra ingleses, que colhiam os frutos do suor alheio. Bem como os pedaços de terra, o território virtual também está sujeito a alguns limites. Os campos são vastos, mas podem, a qualquer hora, ser interditados, o que proporciona uma falsa sensação de liberdade. Entre as barreiras, ou mecanismos de controle, como chama o autor, estão:
- O potencial democrático
- Acesso e exercício de poder
- Enclosures da informação
- Legislação regulamentar
- Privatização
- Propriedade intelectual e direitos autorais
- A guerra da informação
- Manutenção das redes
- Institute Of Global Comunication
- Movimento zapatista

A internet representa uma nova fase para a mídia alternativa, principalmente por seu caráter convergente. Afinal, é possível, através dessa rede, agregar características de diferentes veículos. Sem falar no alcance... Mas apesar de combinar e recombinar uma série de formatos, a internet também é pioneira. Pela primeira vez se ouviu falar em uma política realmente participativa – onde o receptor tem vez e voz.






Os métodos de intercâmbio de informação são variados. Sites, blogs, fóruns de discussão, bate papo online e mecanismos de busca são apenas alguns exemplos de como as ideias podem ser disseminadas na rede.




O receptor não só interage como possui controle sobre a produção do meio através da audiência. Apesar de influenciar os outros veículos, que tiveram que se adaptar ao seu ritmo, a internet não veio para substituir as demais formas de comunicação.
Mesmo com seu potencial democrático, não devemos esquecer que os computadores também são máquinas de gerar lucro. Esse é, aliás, um dos principais desafios da internet, que, a exemplo da televisão e do rádio, é controlada pelas leis de mercado. A internet parece acessível a todo o globo, mas seu acesso é limitado aos recursos eletrônicos. Essa discussão me lembra o atual momento da telefonia. Podemos nos transportar a qualquer lugar do mundo apenas com as pontas dos dedos (ou não). De acordo com matéria publicada no portal da Folha de São Paulo, em 2012 existiam mais de 250 milhões de aparelhos no país. A demanda foi atendida, mas a expectativa não. As operadoras acabaram recebendo inúmeras reclamações por falhas em ligações, entre outros problemas. A estudante de jornalismo Camila Uckers fez um protesto sobre o assunto aqui:
O facebook também vem causando indignação dos usuários graças a novas políticas. Além da publicidade, a rede de relacionamento criou novas formas de lucro, como diminuir o alcance das postagens para arrecadar com os “posts patrocinados” e cobrar o envio de inbox para desconhecidos.
O autor enumera os fatores que limitam o acesso à internet, que além de ser um meio caro requer conhecimento técnico. Outra crítica constante é falta de credibilidade do que é noticiado na rede. Alguns conteúdos são vetados ou retirados do ar, sugerindo que o juízo de valor não possa ser feito pelo próprio leitor. Acredito que isso acaba se tornando um círculo vicioso, pois o usuário aos poucos vai de fato perdendo a visão crítica por deixar de exercitá-la.
Críticas à parte, o texto deixa claro que a internet é sim uma ferramenta valiosa. Ampliou os espaços de debate, possui impacto sobre o ativismo social e de mídia, trouxe inovação e novas
formas de expressão, entre outros ganhos. Mas é importante largar a visão utópica para enxergar seus limites e desafios. Devemos aprender a usar todas as ferramentas ao nosso favor, sem alimentar nenhum tipo de escravidão ou alienação. Afinal, nossas ideias não são mercadoria. E, acima de tudo, devemos estar preparados para travar novas batalhas rumo ao desconhecido. 

 O Institute for Global Communications e a comunicação



Como forma de compensar a distribuição desigual de recursos e poder à sociedade, coletivos sociais se globalizam utilizando-se das novas tecnologias de informação e comunicação. Devido à existência de pouca ação coletiva em áreas de difícil ativismo e engajamento, a ação desses movimentos por uma globalização alternativa, que agrupa até centenas de organizações de diferentes portes e universos culturais, transformou a rede em um espaço público essencial para o fortalecimento da sociedade, desenvolvendo estratégias de luta mais eficazes para contornar a desigualdade de recursos.
É um espaço público que apresenta diferentes caminhos para a interação política, social e econômica, pois o cidadão pode assumir vários papéis, superando as barreiras geográficas e, até certo ponto, as limitações econômicas. Um exemplo disso é o Institute for Global Communications (ICG).

O ICG foi fundado em 1987 com o objetivo de dar suporte à rede de organizações pacifistas PeaceNet, a qual foi a primeira rede de computadores do mundo a dedicar-se à sustentabilidade e preservação ambiental. A partir disso, o ICG trouxe avançadas tecnologias de comunicações para organizações de base que lutam pelos direitos humanos, pela paz, a sustentabilidade ambiental, direitos das mulheres e dos trabalhadores, e resolução de conflitos. O ICG oferece serviço de hospedagem na rede a cerca de 250 organizações sem fins lucrativos. O carro-chefe delas é: PeaceNet, EcoNet, WomensNet, ConflictNet, LaborNet e AntiRacismNet. Todas se tornaram referências na luta para o uso democrático dos meios de comunicação e infra-estrutura de comunicações do mundo.

É interessante perceber que o ICG acredita que a cooperação internacional é fundamental para superar os problemas do século XXI. Percebendo isso, em 1988, começou a ampliar suas colaborações para além dos Estados Unidos e no, ano seguinte, aderiu à GreenNet, no Reino Unido. Em 1990, essas parcerias internacionais já eram seis, as quais fundaram a Associação para o Progresso das Comunicações (APC). A APC é uma aliança de redes de computadores progressistas internacionais.

O reconhecimento do trabalho foi tão importante, que o ICG e os parceiros da APC têm sido os prestadores de serviços de comunicações em conferências mundiais da ONU. Inclusive, uma dessas no Brasil: Conferência de 1992 das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento no Rio de Janeiro.



Ya Basta!

              Irmãos Mexicanos!

"Somos produto de 5000 anos de lutas: primeiro contra a escravidão, na guerra de Independência contra a Espanha encabeçada pelos insurgentes; depois para evitar sermos absorvidos pelo expansionismo norte-americano...” Assim inicia-se a Primeira Declaração  da Selva Lacandona em 1994, muito mais que apenas umas carta de reivindicão dos povos indíginas mexicanos. A declaracão serviu como um processo de exteriorização em  âmbito internacional do que acontecia dentro do estado mexicano de  Chiapas, exigindo que suas reivindicações fossem publicadas nas mídias impressas e digitais.
O Ejército Zapatista de Libertación Nacional (EZLN) é um grupo armado de caráter político militar, composto em sua grande maioria por índios lutando pela autonomia, igualdade e liberdade dos índios. Uma vez postos em situações degradantes, estavam vivendo como era no passado, da caça e da pesca. Assim suas demandas básicas não eram cumpridas como: saúde, alimentação educação e etc. O EZLN tinha um objetivo de alcançar uma maior área de cobertura, traduzia a declaração da selva em vários idiomas e dialetos, chegando até o redator do jornal O Globo no Rio de Janeiro.
Embora o México em sua constituição esteja declarado como um Estado Parlamentar Democrático e a cada seis anos haja uma eleição, o Partido Revolucionário Institucional (PRI) está no poder desde 1929. Tal monopólio é também visto nas comunicações, a principal rede de televisão mexicana a rede Televisa em 1994 detinha 90% dos telespectadores, nem a rede Globo no seu auge tinha uma audiência como essa.
Comandante Marcos a frente a frente de sua tropa

Para combater essa violência utilizada pelos Zapatistas, o exército mexicano “armou e capacitou” vários grupos divididos em ações, as principais foram Máscara Roja, Priísta; Paz y Justicia. Cerca de 10 mil indígenas haviam fugidos para as florestas para tentar fugir do exército mexicano em suas contra-ações.


O exército tinha como características;

1.     A defesa de direitos coletivos e individuais negados aos povos indígenas mexicanos.
2.     A construção de um novo modelo de nação que inclua a democracia, a liberdade e a justiça como princípios fundamentais de una nova forma de fazer política.
3.     A formação de uma rede de resistência e rebeliões no mundo todo em nome da humanidade e contra o neoliberalismo.

Como citado pela autora do texto, as estratégias de mídia Zapatista, são modelos extremamente eficazes de ação transformadora pela comunicação


“Porém, nós hoje dizemos BASTA!”





Por: Lara, Mariana e Raoni

3 comentários:

  1. Não se tem dúvidas de que a internet trouxe muitas mudanças no modo como a nossa sociedade se comunica. é um meio rápido, barato e fácil para se difundir ideias e de criar laços com pessoas de pensamentos parecidos ou distintos, politicamente falando.

    O que falta ainda, por parte dos movimentos sociais, a eu ver é organização e também um planejamento sobre como utilizar a internet da melhor forma possível, ou seja, positivamente para seu movimento. Não adianta apenas achar quena Internet é a solução de todos os problemas e que tudo que você divulga através dela chega a todas as pessoas do planeta.

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