sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Jovens da periferia produzem programa para a TV Ceará

A Rede Cuca, da Prefeitura Municipal de Fortaleza, oferta cursos, oficinas e atividades para jovens nas áreas de esporte, lazer, cultura e arte, nas três sedes localizadas nos bairros Barra do Ceará, Mondubim e Jangurussu. Um dos projetos da rede é o “Jovens Comunicadores”, onde os participantes produzem o programa “Conexões Periféricas”, veiculado na TV Ceará (TVC), através de uma parceria da emissora com o instituto.

Cenário do Conexões Periféricas


Por meio de edital, nove jovens são selecionados anualmente em cada Cuca e passam a ter aulas e reuniões conjuntamente e, na etapa seguinte, os participantes do projeto começam a produção do programa. “O período todo do Conexões são oito meses. Mas a gente teve mais ou menos um mês de preparação para começar a produzir. Ai o professor traz texto, a gente vê vídeo, assiste filme, sobre determinado tema”, conta Rodrigo Santos, 20, aluno do Cuca Mondubim.


O “Conexões Periféricas” tem três quadros: Narrativas Anônimas, onde uma pessoa é escolhida para contar a história de sua vida; Tribos, no qual uma tribo urbana é entrevistada; e Papo Self, que cada Cuca tem um formato próprio e, no caso da sede Mondubim, tem formato de entrevista. As equipes de nove pessoas se dividem em três grupos e cada grupo é responsável pela produção do seu quadro.

A cada mês quatro episódios do “Conexões Periféricas” são exibidos, um em cada semana, e segundo Rodrigo existe uma sequência “primeiro é o Jangurussu, a Barra e depois o Mondubim”. Para a produção dos programas os alunos têm aulas às terças e quintas-feiras e, apesar da presença de um professor para auxiliá-los, todo o trabalho é produzido e executado pelos jovens como explica Tábata, 28, aluna do Cuca Mondubim: “Os temas são mais voltados pros jovens e pra periferia, porque é um programa feito por jovens da periferia.”.

Entre outras funções, os participantes do Conexões Periféricas também montam o cenário das gravações

Participante do programa


Comunicações possíveis: O relato de Victor Hudson mostra o poder da comunidade


A comunicação comunitária experimentada pelos alunos do Cuca Mondubim atinge também outros níveis de hierarquia. A responsabilidade de colocar as pautas em prática é dos jovens, mas quem é orientador também aprende com o processo. Há pouco mais de uma mês no Cuca, o profissional Victor Hudson ensina e aprende com os jovens os caminhos de uma comunicação um pouco diferente daquela a qual sempre esteve acostumado.

Victor Hudson trabalha como editor de vídeos e imagens no Cuca Mondubim


Victor é jornalista e atua como editor de imagem e vídeo no Cuca Mondubim. Ele destaca o constante aprendizado na função e comenta que lá o trabalho é diferenciado tanto pelo público alvo - a comunidade -, quanto pela visão pedagógica que se tem no processo de produção. “Aqui no Cuca, de um ponta a outra, do cara que ta la no almoxarifado, até o pessoal da limpeza, e até a direção, todos tem que ter uma visão pedagógica”, reflete.

O trabalho dele consiste em editar e finalizar os produtos audiovisuais feitos pelos jovens do Cuca. Além disso, Victor auxilia na execução de cursos de formação oferecidos no local. A proposta de uma comunicação voltada para as pautas da comunidade e feita por jovens da região, foram fatores que atraíram o jornalista para a função. Sem experiência em comunicação comunitária, ele comenta, sem rodeios, que a convivência com os alunos é essencial para o processo de aprendizado dele. “Os meninos são maravilhosos. Até falo pra eles: rapaz, vocês é que vão me ensinar”, lembra o jornalista.

Victor Hudson editando vídeo para o programa Conexões Periféricas


Os processos de ensino e aprendizagem são constantes. Para além disso, o que mais chama a atenção de Victor é o entusiasmo dos alunos. Quando perguntado qual o diferencial do trabalho feito por eles, o editor é enfático: “Eles se envolvem realmente com todo o processo de concepção, produção e reportagem, tudo com muita qualidade.”

Além da edição do principal produto audiovisual do Cuca, o Conexões Periféricas, Victor também atua em outros programas produzidos no local, como o “TV Marmota”, e alguns curta-metragens. Diferente do Conexões Periféricas, a TV Marmota é um programa com uma proposta  mais livre, que quebra os formatos mais tradicionais de televisão. Nele, Victor também atua como editor e reforça que com a devida orientação e disposição, “os meninos” como ele os chama, fazem tudo com muita qualidade.

Victor Hudson, técnico do programa


O Conexões Periféricas






Expediente


Ana Luiza Soares: Produção, decupagem, texto coordenada, foto matéria
Gabriela Vieira: Produção, decupagem, galeria de fotos
Geórgia Silva: Texto principal
Isaac de Oliveira: Produção, vídeo
Nerice Carioca: Texto principal




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