terça-feira, 7 de dezembro de 2010

CPC debate a democratização da comunicação em 2010




Comissão cearense trabalha em prol da efetivação das propostas aprovadas durante Confecom


Depois da 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), realizada em Brasília há um ano atrás, a Comissão Pró-Conferência do Ceará (CPC-CE) tem se organizado para gerar debates, de forma ampla, sobre a democratização da comunicação cearense. A comissão tem promovido, desde março, quando realizou o Seminário “Novos Rumos para a Comunicação do Ceará”, diversas iniciativas para discutir e avaliar as propostas aprovadas na Confecom e os novos caminhos da comunicação no estado.

Durante todo o ano de 2010, em reuniões, eventos sociais, palestras, grupos de discussão, seminários ou debates, a CPC buscou direcionar os seus esforços em concordância com o que foi discutido durante a Confecom. “Foi elaborado um planejamento estratégico da Comissão, com o intuito de se ter uma ação eficiente”, afirma o jornalista Tiago Montenegro, Assessor de Imprensa do Núcleo de Comunicação Alternativa da Prefeitura de Fortaleza.

A criação do Conselho Federal de Jornalismo para fiscalizar as atividades de jornalistas e meios de comunicação, a criação do Código de Ética do Jornalismo para regular as práticas jornalísticas, e a criação do Observatório Nacional de Mídia e Direitos Humanos, para coibir supostos desrespeitos a movimentos sociais são algumas propostas aprovadas na Confecom 2009.

Propostas como a volta da obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista, restrições à propriedade de veículos de comunicação por uma mesma pessoa, a chamada propriedade cruzada, proibição da venda ou do aluguel de espaços na grade da programação de emissoras de rádio e TV, e a distribuição em igual porcentagem das concessões de canais de TV por assinatura entre iniciativa privada, sociedade civil e poder público, também foram vitoriosas na conferência. “Muitas dessas propostas se tornaram e estão prestes a se tornar Projetos de Lei no Congresso Nacional. Nosso objetivo é organizar manifestações por todo país que acelerem a tramitação e aprovação desses projetos”, disse o professor Ismar Capistrano, um dos coordenadores da Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária no Ceará (Abraço-CE), durante debate em Fortaleza em março deste ano.

Para o jornalista Edgard Patrício, articulador institucional da ONG Catavento Comunicação e Educação Ambiental, as ações organizadas pela CPC devem possuir 4 eixos de atuação. Controle e acompanhamento das propostas aprovadas por parte da sociedade, “definindo as propostas prioritárias para o avanço nas discussões”.

Articulação entre grupos com o mesmo propósito a partir da criação da Rede de Controle Social da Comunicação. “Essa rede possibilitaria um trabalho para articular e intercambiar iniciativas desses grupos”. Edgard ainda defende como eixos, a criação de um espaço de discussão das temáticas relativas à comunicação, “para não ficarmos dependentes apenas das propostas discutidas na conferência”. E dar visibilidade as iniciativas populares e alternativas de comunicação. “Como comunicação e educação, e comunicação e direitos humanos”, diz ele.

Diversas entidades de comunicação do estado, como agências de notícia, ongs e federações são representadas na CPC. Seus membros são importantes referências nos estudos críticos da comunicação no Ceará. Neste ano, a comissão limitou suas ações se baseando na triagem de propostas e acompanhamento das propostas prioritárias da Confecom. A CPC define como prioridade, a criação de conselhos municipais e estaduais de comunicação, municipalização das rádios comunitárias, promoção de políticas de apoio e fortalecimento de iniciativas populares e comunitárias e concentração de esforços para a criação do Fundo Municipal e Estadual de Comunicação Comunitária. “Além das reuniões semanais da comissão, houve uma boa mobilização para a realização de audiências públicas e seminários”, acrescenta Tiago Montenegro.

A comissão organizada no Ceará - A Comissão Pró-Conferência de Comunicação do Ceará (CPC-CE) começou a se organizar em julho de 2008 e seu efetivo funcionamento se deu a partir de fevereiro de 2009 com a participação de mais de 30 instituições, além de outros integrantes individuais, como comunicadores populares. A CPC-CE têm se reunido para mobilizar a sociedade civil, agentes públicos e outros interessados no tema da comunicação social. Antes, para pressionar o Governo Federal pela realização de uma Conferência Nacional para o setor e agora, depois da realização da conferência, a comissão trabalha em prol da efetivação das propostas aprovadas durante o evento. Os encontros da CPC têm envolvido diferentes públicos, como organizações não-governamentais, rádios comunitárias e educativas e entidades estudantis, além de representantes da Prefeitura Municipal de Fortaleza e de mandatos parlamentares.

A jornalista Mônica Mourão, da CPC-CE, explica que a mobilização que ocorre no Ceará é conseqüência direta da articulação de coletivos, movimentos, partidos políticos, sindicatos, mandatos parlamentares, órgãos públicos, universidades e outras instituições que, desde 2007, fortalecem o Movimento Pró-Conferência Nacional de Comunicação. “Essa iniciativa formou uma rede atuante de comissões em todos os estados, com a constituição de comissões estaduais por todo o Brasil. Neste contexto, surgiu a CPC do Ceará”, explica ela.

A Comissão Cearense Pró-Conferência de Comunicação possui diversos núcleos de trabalho como Planejamento, Mobilização e Finanças. “É uma articulação constante e aberta a todos os comunicadores e demais interessados no tema.” Segundo a jornalista, a CPC é uma ferramenta de convergência democrática, sendo divulgada da forma mais ampla possível, “inclusive com a manutenção de comunidade e grupo de discussão abertos na internet, por exemplo”, pontua Mônica.

Por Naiara Cunha

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