A definição de cultura vista pelo senso comum é atribuída a uma
série de valores, costumes e tradições de um povo. No entanto a definição é
relativa, na medida em que o que é considerado tradição para um grupo de
pessoas, pode não ter significado para outro grupo. Conforme Geertz, (1978, pg
56) a cultura é definida como um conjunto de mecanismos de controle simbólico
(...) para governar os comportamentos do homem.
As pessoas carregam, portanto laços,
que foram repassados por outras gerações, práticas de um modo de vida que hoje
são denominadas de tradições e que por ter valores agregados conduzem o
comportamento social. Essa questão já era tratada pelos filósofos gregos,
quando definiam como “ethos” o conjunto de hábitos ou crenças de uma nação, ou seja
os costumes e traços de um povo.
Para Aristóteles, “ethos” trata-se de
um comportamento moral, do caráter e até mesmo da autoridade de um orador para
influenciar seu público. Ele também designa as características morais, sociais
e afetivas que definem o comportamento de uma pessoa ou cultura.
As pessoas assumem, portanto uma
identidade, dentro daquilo ao qual lhe é repassado pelos pais, pelos amigos,
pela escola, pelos meios de comunicação, mas também por uma espécie de moral
que define o que é certo e o que é errado. Muitos desses conceitos estão
enraizados com a religião, com os estudos dos filósofos, e que são adaptados
pelo povo à sua realidade. Assim ao reconhecer as diversidades, tenta-se
superar os preconceitos geradores de intolerância.
No campo da comunicação, o jogo de
ethos é empregado para atingir o público e conseguir audiência para determinada
mídia. Como por exemplo, um programa policial que retrata os crimes que
acontecem numa determinada região, principalmente na periferia da cidade. Assim
as pessoas mais carentes, ganham um espaço na televisão, o que gera grande
audiência, já que a vida popular, de pessoas comuns é transmitida por um
veículo de comunicação.
No entanto, o que se verifica é uma
inversão de valores, na medida em que a idéia transmitida é a de que a
segurança pública é tida como um problema particular e não do governo. Ocorre,
portanto a chamada sedução, na medida em que se dá visibilidade a alguns
elementos das culturas subalternas para conquistar audiência e promover
ideologias.
Assim é feito um jogo de ethos, na
medida em que os jornalistas entram em conflito com as exigências empresariais
e interesses corporativos. De
acordo com Lacerda, (1992 apud SILVEIRA, 1993, p. 90) o sensacionalismo é uma
irresponsabilidade na imprensa, na medida em que fogem daquilo do que é de
interesse público. Já Silveira afirma que as práticas autoritárias do
jornalismo, expressas em conceitos como da objetividade limitam o jornalista enquanto
sujeito que exerce m trabalho que envolve aprendizado, reflexão e ação moral.
“É uma tentativa de alijá-lo de um projeto ético de humanização de
significados, levando-as à práxis reducionista, que vê o mundo a partir do
ângulo de procedimentos técnicos. É uma ética cientificista que exclui o
subjetivo, o emocional e as paixões eu que são as responsáveis pela vivificação
do mundo”. ( SILVEIRA,1993, p. 165-166).
Referências:
SILVEIRA, Santa Maria. Ética: esta lei
pega?: apontamentos sobre a moralidade que a imprensa prega e pratica. 1993.
220 f. Tese (Doutorado em Comunicação) – Universidade de São Paulo, São Paulo,
1993.
LACERDA, Carlos. Aplicabilidade da
ética em jornalismo: pesquisa de campo. Entrevista concedida a
Silveira, 1992. In: SILVEIRA, Santa Maria. Ética: esta lei pega? Apontamentos
sobre a
moralidade que a
imprensa prega e pratica. 1993. 220 f. Tese (Doutorado em Comunicação) – Universidade
de São Paulo, São Paulo, 1993.
O início do post mostra, na minha opinião, a palavra mais adequada para se referir ao contexto daquilo que é entendido como cultura: multiplicidade. Temos uma herança cultural, carregamos traços culturais no dia a dia. São esses valores que nos determinam e acabam nos identificando pelos conteúdos produzidos pelas diferentes mídias e formatos.
ResponderExcluir