A internet tem na sua essência a troca de informações. Porém, essa interação, desde o surgimento entre os anos 1970 e 1980, mesmo com fins militares, buscava no campo da pesquisa nas universidades, promover a troca e o intercâmbio de ideias. Diferente do rádio e da TV, ela pode tomar proporções desordenadas ou caiu nas mãos do povo e promover uma revolução. A internet, antes, apenas com fins de pesquisa e comunicação, se populariza nos anos 1990 e torna-se o que e hoje, claro, com maior amplitude e dinamismo, mesmo sem chegar a todos.
Assim surge a mídia radical, tendo na internet o espaço para popular e aberto para todos, mesmo com suas limitações impostas pelos provedores e governos de olho nos conteúdos que circula pela rede mundial de computadores. Ela pode se tornar um elemento, uma ferramenta para dar voz a pequenos movimentos sem vozes nos grandes meios de comunicação. As causas de negros, gays ou movimentos sem terra podem lutar pelos seus direitos e utilizando um bem que é de todos: a liberdade de expressão.
Para que haja essa transformação social é preciso democratizar o meio ou meios. A internet toma espaço não mais de mediador, intermediário, mas sim, o canal para a emissão, recepção e emissão. O emissor e receptor torna-se um só.
Ações como ter uma rádio comunitária, que antes era proibida graça a Lei que regulamenta as rádios comunitárias no Brasil, ou simplesmente porque grupos políticos e de comunicação não deixam que essas emissoras possam funcionar como é de direito, a internet faz valer o direito de se expressar. Exemplo disso é o site do bairro Ellery, em Fortaleza. A associação do bairro manteve uma rádio comunitária no ar, a Mandacaru FM. Sem poder se manter e grandes custos com manutenção e pessoal, obrigou a grupo fechar a única voz com grande amplitude da comunidade. Porém, isto não foi suficiente para calar os moradores do Ellery, hoje o site é mantido pela comunidade, além dos serviços sociais, a emissora em formato radioweb.
Página inicial do bairro Ellery, em Fortaleza |
Tudo que acontece na comunidade e de relevante está presente na radioweb e no site da comunidade. A informação não tem mais intermediário, não necessitada depender que emissora X vá à comunidade para noticiar, na sua maioria das vezes, a violência local. O conteúdo além de ser da realidade do bairro, a leitura dos fatos é feita pelos próprios para os próprios moradores.
Mesmo com toda a integração da comunidade, a internet ainda custa caro e não é para todos. O acesso caro faz com que a exclusão social reflita na exclusão digital. A lan house, as poucas que ainda existem, é a única forma de acesso para muitas pessoas que não têm condições de comprar um computador, e se compra, não tem as condições para pagar uma internet de qualidade.
O acesso não é o único problema. Mesmo com acesso, há ainda alguns fatores que não contribuem nesse processo de democratização da comunicação. Competências técnica, cognitiva e cultural interferem na inclusão digital. A Técnica estaria para uso das ferramentas digitais, desde equipamentos como câmeras, gravadores às plataformas e soft de computadores para edição e melhor uso das plataformas de disponibilizar conteúdos; A cognitiva seria o planejamento, a gestão e de que forma organizacional essas ferramentas digitais trazem de retorno para usuário, seja ele individual ou coletivamente; e por fim, a cultural, que com o uso dessas tecnologias para fins de manifestação, troca de conhecimento, validação e atuação social e política por meio das tecnologias da informação.
Mesmo
com suas limitações e uso ainda restrito por alguns grupos, Forte ressalta que
os movimentos ou grupo menores, utilizam na mídia radical o poder de produzir
seu conteúdo. Para ela, seria o exercício do poder de produzir e consumir
informações que os veículos massivos, no qual se encaixa a internet, porém nas
mãos de poucos, não dão visibilidade. Há uma maior circulação de informação na
rede, sem intermediares de conteúdo.
Nem
toda liberdade é plena. Pelo menos, tentam os governos que lutam para que o
pouco de liberdade de expressão conseguido com a internet seja garantido por
muito tempo. O governo americano, por exemplo, tenta de todas as formas aprovarem
leis que restrinjam a atuação de alguns grupos na internet. Eles lutam que
certos conteúdos sejam proibidos e retirados, assim como seus produtores
respondam na justiça pelos mesmos. Projetos como SOPA, que seria uma forma de combater a pirataria na rede e o PIPA, na proteção da propriedade
intelectual são debatidos com o propósito que seja aprovado. Para os EUA, a
liberdade na rede é vista como ameaça a segurança nacional.
Movimentos
ambientalistas como o Greenpeace utiliza a rede para movimentar as discursões
que envolvem os assuntos de preservação e contra os crimes ambientais em todo o
mundo. No Brasil, alguns movimentos são pioneiros no uso da rede para
manifestar sua indignação e dar voz as suas bandeiras como o MST.
Diante
de todas essas colocações, a liberdade de expressão é o que marca a mídia
radical, por meio da internet. E essa liberdade estaria também na sua forma de
produção. Sites colaborativos, como os da plataforma wiki, que liberam seus
códigos fontes e conteúdos para serem editados por qualquer em torno do mundo
na internet.
O
Institute for Global Communications, fundado em 1987 é uma das referências
nesta proposta de agrupar organizações e conteúdos de forma colaborativa na
rede com o intuito de promover a disseminação de informações através de redes
espalhadas pelo mundo.
Se
a mídia radical vai sobreviver por muito tempo, vai depender da atuação dos
movimentos, grupos e causas envolvidas e também no desenvolvimento de uma
cultura mais crítica, participativa e inclusiva, pois não adianta queremos
revolucionar o mundo, se não conseguimos transformar o que está a nossa volta.
A internet apresenta-se em relação a comunicação popular como uma ideia para dar força e voz aos "oprimidos" pelas grandes mídias de massa. É através dela que são multiplicadas informações dentro um espaço considerado democrático e de fácil acesso.
ResponderExcluirEngraçado como temos a sensação de que não existem barreiras para a internet. Mas o texto deixa claro que ainda existem sim. Além dos limites financeiros (acesso caro), a exclusão digital também afeta a quem não possui conhecimento técnico para usufruir de suas ferramentas. A liberdade é de fato maior do que em outros meios, pois o emissor torna-se também receptor, participa de discussões e cria canais próprios para isso. Também não podemos esquecer que a liberdade de expressão é ameaçada pelo Estado, que reivindica o controle do conteúdo publicado na rede. É o caso de países como China e EUA. E não pensemos que o Brasil está totalmente livre disso! Bom, de qualquer forma, a possibilidade de produzir conteúdo e a visibilidade ainda fazem da internet uma ferramenta genial.
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